Resta-me
não sei o quanto resta
de quem fui
o quanto flui em tom passado
no corpo que se entrega ao sonho
não lembro o sabor da comida
reduzi os passos para evitar a pressa
libertei as ideias para deixá-las fugir
vomitei, não sei, não sei
o tempo que nasce é oferta de vida
nua, revirada, mexida
ser gente é coragem
essa viagem é passagem
saio da roda, entro na dança
salto sem salto
se cair, levanto
se errar, me lavo
se acertar, crio um ovo
hoje
sou feita de sol
Silvia Camossa
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